quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Esquema de fraude de créditos ligaria deputado a factoring de multimilionário

A “Operação Cartas Marcadas”, deflagrada nesta quarta-feira, 14, para prender e colher provas contra envolvidos no esquema milionário de fraude contra a administração pública, deve chegar muito aquém da prisão de economistas, fiscais e assessores parlamentares. Policiais que trabalham na operação revelaram com exclusividade para 24 Horas News que as quase 1 toneladas de documentos e equipamentos apreendidos nas 14 missões  autorizadas pela Justiça podem indicar uma estreita  negociação entre o deputado Gilmar Fabris, do Democratas, e um multimilionário do ramo de fomento mercantil.
O negócio das cartas de crédito é volumoso. Abrange em torno de R$ 480 milhões de indenização por diferenças salariais a cerca de 290 agentes fazendários, emitidas em 2009. Mas pode ser que as investigações avancem e apontem para um “rombo” ainda maior.  A ponto de a Assembléia Legislativa ter, inclusive, aberto uma Comissão Temática para acompanhar o caso, denunciado pela promotora Ana Cristina Bardusco.
A promotora, de acordo com fontes da Policia Fazendária, apontou em um documento, a existência de “graves prejuízos aos servidores que tiveram seus créditos de ordem alimentar quitados pela emissão de cartas de créditos”, em função dos deságios pelos quais comercializam os papéis no mercado negro, “uma ‘festa’ para os especuladores, e está promovendo o enriquecimento ilícito de muita gente”. Uma banca, organizada por Ocimar Campos, casado com a irmã da esposa do deputado Gilmar Fabris, estaria a frente do negócio.
Seguindo a orientação da promotora, o governador Silval Barbosa determinou  baixou um decreto, ainda no mês de outubro, criando um novo sistema eletrônico de emissão e compensação das cartas de crédito e transferiu as autorizações para a  Secretaria de Administração, com o aval da Auditoria Geral do Estado. Barbosa determinou ainda medidas para evitar fraudes nas compensações, tais como fracionamento, substituição, re-emissão, compensação, pagamento ou recebimento de certidões de crédito.
“Para que o negócio funcionasse, era preciso que uma factoring, ao menos, esteja participando ativamente do negócio. E é possível que se chegue a ela ou outras que estejam envolvidas” – disse o policial.
Policiais se disseram especialmente impressionados com a quantidade de documentos e de informações colhidas em uma das missões de busca e apreensão com o corretor Ricardo Santos, no bairro Quilombo.
Além de 14 mandados de busca e apreensão, a Justiça expediu seis mandados de prisão. Estão presos: Antônio Leite Barros, economista e contador, funcionário de carreira da Prefeitura de Várzea Grande; e Enildo Silva Martins e um identificado apenas como “João Vicente”, ambos funcionários da Secretaria de Fazenda. A Polícia espera para a tarde desta quarta-feira, 14, que o advogado Enelson Alessandro Nonato se apresente – ele já fez contato. Os agentes ainda procuram por José Constantino Júnior, que residiria no Parque Cuiabá.
Fabris atuaria como uma espécie de operador político.  Outro nome que apareceu nas investigações e que aproxima ainda mais o deputado da trama é o de William Nepomuceno, assessor de Fabris.
“Vou chegar a gente muito mais graúda nisso” – prometeu a delegada Luiza Machado, da Especializada contra Crimes Fazendários, que comendou 80 policiais e ao menos dez delegados nessa operação. Pela quantidade de policiais graduados , fontes politicas, acreditam que, de fato, a questão é bastante extensa e profunda.
As investigações da Polícia iniciaram em julho deste ano, com denúncia do pagamento em valores muito acima dos efetivamente devido.  Um representante da categoria dos agentes fazendários teria se apropriado indevidamente de parte dessas cartas emitidas pelo Estado e estaria negociando as cartas acima do valor permitido.

Edilson Almeida e José Ribamar Trindade
Redação 24 Horas News

Com Rubens de Souza, Valdemir Roberto e Jonas Jozino



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