terça-feira, 27 de novembro de 2012

Hospital São João Batista pede socorro

O fechamento do Hospital São João Batista tem data marcada: 30 de abril de 2013. A decisão foi tomada em conjunto, pela Ordem dos Franciscanos na Previdência de Deus e pela Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, devido a impontualidade dos repasses financeiros, por parte do Governo do Estado.  
Na contagem regressiva ao iminente fechamento, se faz de tudo, para evitar o grande vexame, para Diamantino.

Na última sessão da Câmara de Vereadores, um grupo de funcionários do Hospital compareceu ao plenário, com pedido formal à Casa, para o HSJB não feche suas portas à comunidade de onze municípios da região.

A enfermeira Denise Aparecida da Silva, emocionada, sintetizou para os vereadores a condição a qual o Hospital chegou. Com semblante de tristeza, a enfermeira pediu ajuda para o São João Batista continuar a cumprir sua função, de atendimento hospitalar, na área de sáude. Denise recordou que o Hospital São João Batista funciona em Diamantino desde 1952 e desde então, a atuação do Hospital confunde com a história recente da cidade, no tratamento de doenças e na recuperação da saúde de várias gerações, de Diamantino e de outras localidades vizinhas.

Mas, a operação do Hospital se tornou inviável financeiramente, há muito tempo. Durante o governo Blairo Maggi, com o São João Batista já em crise, se conversou entre as partes, de uma possível aquisição por parte do Estado, mas o valor colocado não interessou à Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição. Mais recentemente, os Franciscanos na Previdência de Deus assumiram a gestão do Hospital, com o respaldo do know-how que possuem no negócio, pois são donos de uma rede de hospitais em São Paulo, Rio de Janeiro e no Haiti, país da América Central. 

O alento veio com a venda de serviços à Secretaria de Estado de Saúde. Parecia ser, um contrato para tirar o Hospital do vermelho, mas com o decorrer do tempo, se tornou uma dor de cabeça para os Franciscanos. O Estado não cumpriu com a regularidade do pagamento, resultou em acúmulos de dívidas e inviabilizou o funcionamento do Hospital.

Cansados, os Franciscanos decidiram parar, porque a falta de dinheiro afetou a gestão,  o atendimento ao público e dificultou o próprio funcionamento interno. São 80 funcionários, incluindo o corpo clínico que, a exemplo da população, serão prejudicados com o fechamento do São João Batista. Os religiosos não têm a garantia que o Estado vai cumprir a sua parte e numa decisão aceitável eles estão se retirando, com a intenção de voltar, depois da experiência de lidar com um governador incompetente. 

Mais do que se sentir emocionada, a enfermeira Denise é a autêntica  representação da profissional que vê à frente a má vontade política de garantir um mínimo de dignidade à sociedade, através do atendimento hospitalar. Na verdade, ela pode prever, o que significa o rompimento da assistência à saúde e o sofrimento que vai acometer a maioria da população, por conta disso.

Os vereadores foram unânimes no apoio ao funcionamento do Hospital. O vereador Edevaldo Alves Teixeira recorreu à Constituição Federal, para ilustrar que a saúde é um direito do cidadão e um dever do Estado. Contudo, as autoridades municipais [prefeito e vereadores] têm a obrigação de manter o Hospital São João Batista em funcionamento, através de gestão junto ao governador Silval Barbosa.

O retrato do descado da saúde, presente em Diamantino é similar ao que acontece no resto do Estado e do país. A matança que ocorre na área de saúde, aqui e acolá é um verdadeiro genocídio civil, contemplado, com certo prazer, pelas autoridades. Alheios, os políticos não precisam da saúde pública, por isso ela é um caos, pois serve só o povo.

Benedito Cruz de Almeida
Agência Agora

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