Rosenildo Martins de 26 anos, no papel da bonita 'Fabrícia' morou os últimos dois anos na Itália. De volta ao Brasil, no final de 2011, regressou à Nobres, sua cidade natal, para rever a mãe e ajudar na reforma da casa da família. Mas ela tinha um projeto pessoal: passar por duas cirurgias. Uma de lipoaspiração e outra, de troca do silicone no seio.
Ainda em Nobres, na virada do ano, comprou cestas básicas para os moradores carentes e aguardava com ansiedade o momento da cirurgia reparadora.
Segundo a mãe, Maria Martins, Fabrícia foi a Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, para fechar a cirurgia e pagou pela operação. E voltou à Nobres. A mãe não ficou sabendo o que a filha foi fazer em Campo Grande.
No início de fevereiro Fabrícia viajou para fazer a cirurgia, como queria. O hospital não possuía unidade de tratamento intensivo e Fabrícia faleceu, em decorrência da cirurgia. A decisão do médico de ter feito a cirurgia em um hospital que não tem UTI será acompanhada pelo Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul. O médico Paulo de Oliveira Lima que operou Fabrícia acredita que a morte do travesti foi causado por uma parada cardíaca, devido a queda de pressão.
O cirurgião plástico afirmou que Fabrícia fez todos os exames pré operatórios exigidos e que o grau de risco era o menor na escala de 1 a 4. Conforme o médico, é raro este tipo de cirurgia apresentar complicações e muito menos chegar a uma situação extrema. Para o médico foi uma fatalidade.
A mãe recorda com carinho do filho. Sempre carinhoso, telefonava três vezes por semana para a mãe, mesmo quando morava na Itália. No exterior, trabalhava para arrumar dinheiro e terminar a casa da mãe, comprar um carro e cuidar da vaidade. Porém ela se entristece quando se lembra do preconceito que sofreu por causa da opção sexual do filho. Quando o filho tinha 16 anos, ela notou algo anormal. Nessa época, ele usava roupa masculina.
O filho foi morar em Cuiabá e quando voltou à passeio, estava transformado. Já usava roupa feminina e se comportava como mulher. Fique chocada, disse a mãe.
Como o tempo, acostumei com a situação, confessou dona Maria. Na casa em Nobres, sozinha sem o filho, ela se esforça para ser forte. Olha o calendário de 2012 em italiano de Fabrícia, em poses provocantes e só reclama da perda.
Parece que ele estava se despedindo. Antes de viajar, falou que se fosse morto, suas roupas deveriam ser distribuídas para as irmãs. E ele não voltou vivo, chora a mãe.
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