Em 2010, das 42,8 mil mortes
causadas por acidentes de trânsito, quase 11 mil envolveram motociclistas – e o
número deve aumentar, já que a frota de motocicletas do país vem crescendo,
segundo o Ministério da Saúde.
Para Marta Maria Alves da
Silva, representante Ministério da Saúde, durante audiência pública no Senado
que discutiu a segurança de quem utiliza esse tipo de veículo, a questão é epidêmica,
pois a tendência é de aumento do número
de óbitos – reiterou ela, que coordena a Área Técnica de Vigilância e Prevenção
de Violências e Acidentes do Ministério da Saúde.
Marta Maria também observou
que cerca de 80% das vítimas fatais – tanto nos acidentes de trânsito em geral
como nos casos que envolvem motociclistas – são homens, em geral na faixa
etária entre 15 e 39 anos.
Outra conseqüência desse
fenômeno, ressaltou ela, é a elevação dos custos governamentais com o
tratamento dos acidentados. Marta Maria disse que, no ano passado, foram
internadas 153,5 mil pessoas devido a acidentes de trânsito – e que 50% delas
estavam envolvidas em acidentes com motocicletas. Ela também informou que o
gasto total com essas internações foi de R$ 200,3 milhões, sendo 48%
relacionados às motos.
Representante da Associação
Brasileira de Medicina de Tráfego, o doutor Dirceu Rodrigues Alves Junior
afirmou que, “por incrível que pareça”, atualmente os acidentes com motos vêm
afetando mais as pessoas que usam o veículo para ir ao trabalho do que as
pessoas que o utilizam profissionalmente – como os motoboys.
Poder econômico
Dirceu Junior também destacou
que a expansão das vendas – estimuladas inclusive por medidas governamentais,
como a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) – está
relacionada ao aumento de acidentes.
– O poder econômico esqueceu
a cidadania, o direito à vida. Estamos crescendo economicamente, mas também
estamos ceifando vidas e colocando gente em cadeiras de rodas – criticou.
O especialista argumentou que
é aperfeiçoar os cursos de formação de condutores, com o aumento do tempo de
treinamento e a utilização de simuladores pelas autoescolas. O mesmo apelo foi
feito por outros participantes da audiência, como o presidente da Associação
Brasileira de Motociclistas, Lucas Pimentel.
– Infelizmente, o processo de
habilitação que existe hoje não dá ao motociclista a vivência de que ele
precisa – declarou Pimentel.
Interiorização
Marta Maria Alves da Silva,
do Ministério da Saúde, também ressaltou que houve uma “interiorização” pelo
país do uso de motociclistas (e, portanto, dos acidentes com tal veículo),
especialmente nos municípios de pequeno porte. Ela apontou diversas causas para
isso, como a precariedade do transporte coletivo nessas regiões, a deficiência
na fiscalização e, no caso do Nordeste, a substituição de cavalos e jegues por
motos.
– A interiorização aparece
mais no Nordeste, principalmente no estado do Piauí; no Norte, com destaque
para Roraima e Rondônia; e no Centro-Oeste, principalmente em Mato Grosso e
Mato Grosso do Sul – afirmou ela.
Ricardo Koiti
Koshimizu
Agência Senado
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