sábado, 15 de outubro de 2011

Descaso e abandono com o patrimônio histórico de Diamantino


A Vila de Diamantino foi o segundo povoado surgido na Província de Mato Grosso, no século XVIII, depois da Vila Real de Cuiabá. 

Passados 283 anos, a cidade guarda pouco acervo patrimonial e artístico dessa época. E as últimas unidades estão apressadamente em processos de destruição e de formação de ruínas. 

A descaracterização do centro histórico começou nas gestões do prefeito João Batista de Almeida, com a continuidade nas gestões do prefeito Francisco Ferreira Mendes, o Chiquinho,  quando em nome do progresso foram derrubados todos casarões para a construção da praça Major Caetano Dias,  o prédio da Prefeitura deu lugar a rua João Batista de Almeida, a sede da agência do Banco do Brasil e outras casas, em diferentes pontos do aglomerado mais antigo da cidade. As pedras irregulares do calçamento, que ornava a principal rua que ligava o Capim Branco ao Quilombo, os bairros de então não resistiram à modernidade.

Em 1972, o candidato a prefeito de Diamantino, José Dias de Alencar, por sugestão do seu vice, Teodorico Campos de Almeida, foi inserido no programa de governo, a criação de uma nova cidade, onde se localiza hoje o Bairro Novo Diamantino. Aqui embaixo, ficaria preservado toda característica histórica, como um núcleo reservado à memória e a visitação. O candidato não resistiu à pressão da elite daquela época que se desdobrou à geração que atualmente manda na cidade e renunciou. 
 
Para preservar a Casa Paroquial foi necessário se formar uma forte corrente contra a Diocese, o bispo Dom Canísio Klaus e outras personalidades. A Diocese  possuía um projeto arquitetônico que previa a demolição da antiga residência dos padres jesuítas e a edificação da nova Casa Canônica (já pronta). Nessa luta se destacaram muitos nomes, entre os quais o historiador Joel Praxedes Capistrano e a promotora Joana Maria Bortoni Ninis
Na gestão do prefeito Chico Mendes se criou uma expectativa sobre a recuperação do centro histórico de Diamantino, realizado com recursos federais. Mais recentemente, foram anunciados os recursos de emendas parlamentares dos senadores Gim Argello, do Distrito Federal e de Jayme Campos, destinados às obras do centro histórico, através de gestão do ministro Gilmar Mendes.  
Durante a realização da Exposição 'Expedição Langsdorff, o prefeito Juviano Lincoln se valeu do evento para anunciar a criação de um museu para  receber os acervos da Expedição Langsdorff. Nesse ínterim foi aprovado Projeto de Lei de aquisição do imóvel (antiga casa Terige Vanni). 
Perto da realidade, a situação  é de quase uma sentença de destruição para os últimos casarões de Diamantino. Assim como ocorreu lá atrás, quando muita gente (e gente boa) não queria a Casa Paroquial em pé, agora, o sentimento é o mesmo. Por isso existe o abandono proposital, à pretexto de acabar com uma marca que identifica Diamantino com o passado e o qualifica como berço da história de Mato Grosso. Não chega verba da União, do Estado e o Município  se esconde na rotulada volta de recurso. 
Para o historiador Joel Praxedes Capistrano, Diamantino dos últimos casarões é marca viva da nossa história que sobrevive no período contemporâneo e que precisam de cuidado e salvamento urgente,  antes que desapareça; pois são patrimônios  que registram o início da nossa povoação.  

A Casa Paroquial só ficou em pé porque houve um levante organizado a favor da sua preservação. Isso deu sustentação à reforma do local e da Igreja Imaculada Conceição. 

A sociedade diamantinense não se pode calar diante do descaso que é tratado a história da cidade. O rico patrimônio de Diamantino está sendo destruído pela ação do tempo, mas com o consentimento das autoridades locais. 

É uma grande perda para a memória centenária de Diamantino. E depois que acabar, não tem remendo, nem restauração. Como diz sabiamente o poeta e historiador Joel Praxedes: 'Diamantino da política, da luta, da tirania, da emoção e da desilusão'.




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