O
julgamento do mensalão no STF (Supremo Tribunal Federal) será retomado hoje
(27) a partir das 14 horas, atraindo as atenções para a possibilidade de
réplica e tréplica entre os ministros Joaquim Barbosa, relator da ação, e
Ricardo Lewandowski, revisor. A questão vai ser definida pelo presidente da
Corte Suprema, Carlos Ayres Britto. Ambos divergiram sobre vários pontos da
ação no dia 23, o que causou momentos de tensão ao final da sessão.
Barbosa e Lewandowski divergiram sobre o direito que cada ministro
tem de se manifestar depois do voto do outro. A discussão começou quando, ao
final da sessão de quinta-feira, o ministro-relator disse que queria
“esclarecer alguns pontos” do voto de Lewandowski.
Contrariado, o ministro-revisor reagiu ao dizer que só aceita a “réplica
se tiver a tréplica”. Mas a proposta de Lewandowski não foi bem aceita pelo
presidente da Corte Suprema, Carlos Ayres Britto. Responsável por comandar o
julgamento, Ayres Britto disse que se houver réplica e tréplica, o processo não
acaba: “Se ficarmos no vaivém no termo dos debates, não terminaremos nunca”.
Ayres Britto disse ainda que Barbosa tem o direito de se
manifestar após o revisor porque tem “proeminência” no processo, o que
provocou a indignação de Lewandowski. “Temos uma concepção diferenciada sobre o
papel do relator e do revisor”, reagiu o ministro, que prometeu se ausentar do
plenário durante a fala de Barbosa, se não for autorizado a se manifestar
novamente.
A discussão só foi encerrada após intervenção abrupta do
presidente enquanto Lewandowski ainda reclamava, pedindo que a proposta da
tréplica fosse levada a plenário. No final da sessão, o revisor manteve
conversa reservada com os ministros Luiz Fux, Marco Aurélio Mello e Antonio
Dias Toffoli.
Diferentemente de Barbosa, Lewandowski absolveu o deputado João
Paulo Cunha (PT-SP), ex-presidente da Câmara, e os réus ligados a Marcos
Valério das acusações de desvio de dinheiro na Câmara dos Deputados. Para
Lewandowski, Valério e os sócios Ramon Hollerbach e Cristiano Paz não cometeram
os crimes de corrupção ativa e peculato.
Renata Giraldi
Agência Brasil
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